Agora, estou pendurada no outro extremo. Nos reuníamos para fazer as libações em parques, preciso pegar condução e pensar bem tudo que vou carregar. Nesse caso, me vejo escolhendo com esmero um bolo de milho recheado no mercado, ou vendo o Jota surgir com Natuchips de mandioquinha e inhame, e o Tinho com biscoitos de aveia e mel. Longe do ideal? Com certeza. Mas é o que é possível nesse momento: escolher com cuidado algo pronto, que possamos comer com as mãos, em um parque público.
Sempre penso que o foco maior é que eu oferte aquilo que tenho de melhor. As vezes, o que tenho de melhor é um incenso de palito, um vinho de mesa tosquinho e uma vela. As vezes, é mel, água, leite, vinho e azeite, olíbano em grão e bolos feitos por mim mesma. As vezes, é cerveja, carne no fogo e meu trabalho. As vezes, tenho um hino e só. As vezes, um ritual de horas.
Mas sempre, é preciso buscar o que se pode fazer de melhor. Ainda que o melhor daquele momento não seja o que você gostaria. É melhor do que não fazer nada por julgar que não pode fazer muito.
As vezes,é preciso lembrar que a relação com os deuses se constrói das pequenas coisas de todo dia. Do lembrar de oferecer a Héstia a primeira porção do que você come. De dizer ao menos "bom dia, deuses" quando passa corendo diante do altar atrasada para o trabalho. De manter o pensamento em coisas virtuosas. De reconhecer que se é só um mortal. E de pensar nos deuses, em seus mitos, em sua forma, em relatos de outros devotos.
Não podemos tentar ser quem não somos. E se o que eu posso fazer é pouco, que seja feito com esmero, com a certeza de que será o melhor possível, e nada menos do que isso.
4 comentários:
Certa feita passei por um dilema desse tipo, afinal uma essoa que admiro muito contava que ofertava o melhor vinho em taças de cristal para o seus deus de devoção. Me senti um lixo. Aí pesquisando sobre o egito achei a seguinte citação de uma estela:"Fazei oferenda com o que se encontra em vossas mãos. Se não possuís nada, pronunciai a oferenda com vossas palavras." Estela do Cairo 2003." Agora como Recon Egipcia, eu te falo: é isso aí, ofertamos a palavra, pq essa não se compra e Maat a ve e a sente, não há como mentir. Então sarah, se um bolo comprado na padaria é o seu melhor, que seja!E se te disserem o contrario, vire as costas e vá embora. Nem vale a pena discutir mais!rs
Poha, acho que vou fazer um post sobre isso também, dentro da série de 'coisas que me dão raiva'... >:/
Sarita... Pois é... Nós e nossos improvisos. Que é gostoso poder parar um dia em casa e cozinhar, tomando um vinho e celebrando os deuses é bom e não há dúvidas disso. Fiz isso esse mês e achei fantástico, mas estou de férias e isso já vai se acabar.
As coisas práticas que precisamos providenciar pra cultuar nossos Deuses no dia a dia se encaixam bem. E é como eu disse uma vez no Jota de Copas: As vezes deixar de fazer o simples porque não se pode fazer o elaborado elimina o contato que podemos ter com os Deuses.
É meio como o que rola entre eu e minha mãe. Raras vezes podemos parar e jantar. Mas todo sábado pedimos pizza e tomamos Coca-Cola e sem dúvida... Não é um banquete feito por nós, que bem ou mal é mais pessoal, mas é o momento nesses casos que valem mais.
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