quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Recons na Mystic Fair

Foi uma experiência muito boa. Um momento de falar para as pessoas um pouco mais sobre o que nós somos e fazemos, e foi muito bom ver o interesse das pessoas, mesmo sendo nove da noite do domingo!

Meu domingo na Mystic Fair começou vendo a palestra das "vizinhas" da península itálica, na palestra sobre o Cultus Deorum Romanorum. Foi bom ver outros reconstrucionistas presentes...




























A noite foi a minha vez de, novamente, falar sobre o reconstrucionismo helênico. Filmei a palestra e logo ela vai estar disponível para quem perdeu poder assistir. Foi bacana, apesar do meu nervosismo básico me fazer pensar que eu poderia ter falado beeeem melhor. Espero não ter deixado ninguém mais confuso do que quando entrou.








E eu não posso deixar de citar um fato curioso. Quando eu cheguei na sala e comecei a arrumar as coisas, notei uma sacola em cima da mesa. Imaginei que o dono iria aparecer, mas quando eu sai da sala às dez horas, com o evento fechando, acabei pegando a sacola para ver o que era. Acabou que era uma placa com a imagem de Hécate... foi no mínimo muito curioso que fosse justamente uma releitura de uma imagem grega... já que havia muito mais material egípcio, hindú ou wiccano sendo vendido na feira.

Ainda no aspecto "consumista"consegui voltar com um pingente de caduceu, e finalmente, uma estatueta de Hefesto.


E que venham outras... da próxima vez vou preparar uma palestra sobre algum aspecto específico do nosso culto... pensei em falar sobre a Anthesteria... que sugestões de temas vocês tem?

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Palestra na Mystic Fair Brasil

Dias 8 e 9 de outubro acontece em Sampa city a segunda edição da Mystic Fair Brasil, um evento místico - esotérico - de espiritualidade, que se propõe a mostrar um panorama amplo do que acontece em diversos meios ligados a esses temas. É um evento bastante grande, e eu vou estar presente para mostrar um pouco do que é o Reconstrucionismo Helênico e do modo como cultuamos nossos deuses.

A proposta da palestra é explicar para o pessoal que segue diferentes caminhos quem nós somos, o que fazemos. É importante quebrar preconceitos e mostrar para as pessoas que existe mais essa possibilidade de caminho para reverenciar os deuses.


Então, nos vemos na Mystic Fair,

Domingo, dia 9 de outubro, às 21:00 horas, no Auditório 3
Palestra "Práticas reconstrucionistas no politeísmo helênico" com Sarah Helena

Universidade Cruzeiro do Sul (Unicsul), unidade Anália Franco
Av. Regente Feijó, 1295, São Paulo - SP
(ao lado do Shopping Anália Franco)
(vans gratuitas para o evento saindo do metrô Carrão)
 ingresso da Mystic Fair - R$10,00


(para os que se interessam pelo tema, no sábado, dia 8, vou dar uma vivência na sala temática Tarô e Oráculos, de construção de arcanos de tarô, as 16:oo horas)

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Dia 7- Oração e reciprocidade

Reciprocidade é uma palavrinha que a gente não vê todo dia por ai.



reciprocidade
(latim reciprocitas, -atis)
s. f.
s. f.

1. Carácter.Caráter.Caráter do que é recíproco.
2. Mutualidade.



Algo que é mútuo. Uma via de duas mãos. Acho que para falar da oração dentro de um contexto helênico, é impossível não pensar nisso: estamos empreendendo um diálogo e entrando em um relacionamento. Nossos deuses não são "energias" distantes e onipresentes. Eles são indivíduos, com gostos pessoais, personalidade e bom, individualidade, mesmo.


Já ouvi muita gente comparar a relação com os deuses gregos com uma barganha. Comparação infeliz. Quando você ama alguém, você não gosta de fazer coisas especiais para esse alguém? A oração nesse caso é isso: as palavras que a gente fala enquanto dá um presente. Porque ningupem quer ficar em uma relação onde todo o ônus de se doar está nas mãos de um só: um só dá o outro só recebe. E os deuses nos dão muito, então nada mais justo do que ao invés de só pedir mais e mais como um filhote de cuco.


Digo isso porque normalmente, oração inclui uma oferta. Um incenso, uma chama, um objeto, um sacrifício. Nós oferecemos junto com nossas palavras algo que demonstre nossa boa vontade, nossa disposição de se doar ao divino. Um símbolo de que estamos ali dando o nosso melhor.

A estrutura das nossas preces é bem simples e fica muito marcado essa relação de individualidade dos deuses e de nossas relações. 

A primeira parte da prece identifica o deus ou os deuses com que estamos falando. Seus epítetos, seus feitos, uma "elegia" daquele deus. A segunda parte nos identifica. Quem somos nós, o que fizemos, como nos dedicamos àquele deus ou deuses. A terceira é a conversa propriamente dita, onde se agradece, ou se pede alguma coisa, onde se oferece algo ou se assume o compromisso de ofertar algo se for auxiliado (nada diferente das promessas feitas em tantas fés).  


Uma prece é um momento de praticar uma fala bacana. Onde você não se diminui, porque tem que mostrar que vale a pena ser ouvido, mas também deixa de lado a arrogância e se refere aos deuses com respeito, reconhecendo a óbvia superioridade deles. 


E nós ficamos em pé. Gosto disso. Nós não nos humilhamos, nos mostramos nosso rosto, nos damos a conhecer e assumimos nossa responsabilidade. Isso é ficar em é, afinal: é o se colocar no mundo de maneira ativa. Quando eu fico de pé diante do altar, eu estou demonstrando minha atitude e assumindo meu espaço. 


Não é preciso rituais elaborados todo dia, sabe. Uma oração bem feita e uma vareta de incenso com o coração limpo, já significam muita coisa.
 

domingo, 31 de julho de 2011

Sugestão de leitura infantil

Por influência do companheiro que tem sido muito gentil em aceitar minhas incursões religiosas com nosso filho, uma delas vou mostrar a corujisse ainda essa semana, comprei (mais) um livro de mitologia para o meu pequeno.

O nascimento de Zeus e outros mitos gregos se foca não nas aventuras famosas dos deuses e heróis, mas nos episódios das suas infâncias. Um livro para mostrar para as crianças a infância nos mitos e através disso, na própria cultura da antiga Hélade.

A postura de existe/não existe é menos agressiva do que em outros livros. Embora usem o termo imaginação para se referir aos mitos uma vez, o tempo todo existe um respeito pela cultura do outro, no caso,os antigos helenos, e na introdução a autora diz que por que os homens deixaram de ser valorosos e as pessoas só acreditam no que vêem nos jornais, a maioria dos deuses prefere ficar longe dos assuntos humanos e ficar em paz e sossego, aproveitando as praias e montanhas da Grécia. Achei um jeito interessante de colocar, já que o ideal mesmo, só o que a gente mesmo preparar de material de ensino para os nossos filhos.

No final do livro, depois dos dez capítulos de mitos, tem uma genealogia dos deuses e heróis citados, bem simplificada, um texto falando sobre como era a infância entre os gregos, as conexões entre mito e cotidiano antigo, e uma lista de sugestão de leituras e bibliografia, que inclui desde algumas coisas que eu não recomendo (como os livros do Lobato sobre mitologia e o Graves), até o próprio Homero (que a autora recomenda que mais tarde as crianças leiam já no texto dos mitos e que nas sugestões de leitura ela cita as adaptações da Ruth Rocha) e Grimal e Vernant.

Mais um ponto positivo é que ela explica que a cultura grega era oral e que é normal que as versões não sejam todas iguais e que variavam de quem estava contando, por isso não se deve estranhar se em outros lugares contarem as histórias diferente do que no livro.

As ilustrações tem um visual baseado nas cerâmicas gregas e mostram objetos cotidianos da época.

Forma geral, tem meu carimbinho de "gostei". Vamos ver o que o André vai achar.


O nascimento de Zeus e outros mitos gregos
texto de Adriene Duarte
ilustrações de Felipe Cohen
Coleção Mitos do Mundo
Editora Cosac Naify
 2007

sexta-feira, 22 de julho de 2011

Oráculos (parte um de pensamentos sobre o tarô)

O tarot não é um oráculo grego. Mas um bocado de gente no século XX, por influência de Jung, eu acho, começou a interpretar o tarot a partir da perspectiva dos mitos gregos. Acredito que você pode contar qualquer história usando o baralho. Eu gosto do tarot, ele funciona bem para mim. E eu acabei traçando minhas relações. Como tarotista, como tarofila, não tarologa, como uma apaixonada mais do que como uma pesquisadora (embora para mim a pesquisa seja parte da curtição,rs).

Quando eu fiz parte de um grupo de culto (que não era recon, mas eu já tinha essa pegada no meu lado pessoal), o oráculo fazia parte do nosso processo de culto. E sendo a dionisíaca de plantão, acabei muitas vezes mergulhando naquele tempo de Delfos em que Dionísio estava sentado sobre seus ossos.

Desde então, quando o inverno chega, faz parte do meu culto e principalmente do meu serviço para o deus, fazer oráculos.

E foi com esse pensamento que dei minha oficina na Confraria Brasileira de Tarot. De que ali estava meu prazer, meu carinho pelo tarô, meu prazer em mostrar para as pessoas que podemos sim ser criativos, e meu serviço para meu deus. Segunda vez que sou recebida no espaço Faces da Lua, com muito respeito e carinho em ambas as vezes, mesmo seguindo trilhas que são tão diferentes, o que me trás muita esperança com relação ao meio pagão. 

A estrutura da minha oficina foi bastante prática (claro, era uma oficina). Falei um pouco sobre a história da imprensa, de como os baralhos foram tecnicamente desenvolvidos, de projeto dentro de arte, de símbolos. E então nos sentamos para produzir cada um seu arcano. A escolha era livre dentro dos arcanos maiores, para dar um foco. Fui ajudando um aqui, outro ali, colocando ideias e expondo, respondendo e ajudando.  Fiquei feliz e surpreendida com os resultados.

Acredito que o trabalho criativo é muito forte dentro da minha relação com Dionísio. Não só com ele, mas com Apolo, e com as Musas. Eu não sou ninguém sem as Musas. Mostrar para as pessoas que podemos nos desprender do vicio da sociedade em dizer que não somos capazes e podemos sim criar, porque isso é inerente à natureza humana, é algo muito especial e um serviço que me orgulho de prestar.

quinta-feira, 23 de junho de 2011

Tá vendo ali em cima a aba Dionísio?

Ela leva para meu site devocional, Santuário de Dionísio.
Ele está em constante construção e eu nem sempre consigo acrescentar mais coisas lá, mas quero implementar algumas funcionalidades lá logo logo.

Por hoje, está atualizada a sessão de Poemas e Hinos na parte de Textos Modernos, e Citações em Textos inspiracionais.

Espero que tenha alguma serventia para os outros devotos, esse trabalho que faço para agradar o Senhor Dionísio...

quarta-feira, 8 de junho de 2011

Praticidades da vida moderna, ou, um jeito fácil de não se perder no calendário

Outro dia a Alex disse que não era neopagã, mas neopolita. Eu ri. Também sou um bicho muito ligado à cidade, ao tecnológico.Não a toa, sou apaixonada por Hefesto.


E foi com a tecnologia que eu "resolvi" um problema que é uma reclamação frequente de quem não segue as religiões mainstream. É difícil não esquecer as datas festivas e celebrações sem uma sociedade inteira te lembrando disso.Quando seu calendário não coincide com o calendário oficial então, pior ainda. Como lembrar as entradas dos meses sem esquecer nenhuma?

E então eu retomei um hábito que antes inha feito e que dá muito certo e eu recomendo.

Conectei meu celular no computador, abri o calendário no site do RHB e coloquei lembretes com alarme em todas as datas de festivais, noumenias, libações.

Com isso, eu garanto que mesmo que não consiga fazer um graaaande festival, pelo menos consigo garantir a lembrança, um incenso, uma oração ou um hino, para cada data do calendário.

Parece besta, mas é algo que a gente não pensa e ajuda muito.

terça-feira, 31 de maio de 2011

Dia 6-Crenças: Divinação, misticismo, e coisas assim

Eu uso algumas ferramentas de divinação. A primeira que usei na vida foi o I Ching, mas o que me pegou mesmo foi o tarot. Já leio o tarot faz metade da minha vida. Faz bem menos tempo, descobri o Mythic Oracle, que merece um post só sobre ele uma hora dessas, e agora estou lutando para aprender a usar os astragalos.

 
 É um oráculo genuinamente helênico, e as dificuldades são as mesmas de aprender os significados de qualquer outro oráculo. Os ossos que eu uso são réplicas de resina de ossos de carneiro reais.

As vezes, o oráculo é parte do nosso "serviço sagrado".

Eu sou uma pessoa "mística". Sempre fui. Desde o tempo em que a hóstia era carne e sangue do deus em minha boca até o meu tempo vagando em busca do meu caminho religioso, eu sempre fui uma pessoa que busca o mistério. Acredito que ele faz parte de toda experiência religiosa, embora também ache que as pessoas as vezes exageram, esquecendo das outras características que precisamos buscar.

Ser uma mênade, embora seja um compromisso para o longo da vida, não é algo que possa ser meu único foco o tempo todo. Porque eu entraria em colapso e não serviria de nada.

O mistério é aquele ponto em que o divino toca a terra, e o que ele produz é arreton/aporreton. É o inefável, que não pode ser expresso, ou que se expresso não será compreedido.

Não posso falar dos antigos mistérios. Do que acontecia em Eleusis ou em Tebas ou na Arcádia, ou na Trácia... isso o que sei é o que podemos aprender dos arqueólogos e teóricos. Mas existem mistérios hoje, se formando em nós.  E muitas vezes, aquilo que nós vemos e vivenciamos é tão belo e tão intenso, mas impossível de explicar...


Lista dos temas abaixo do corte


domingo, 22 de maio de 2011

Ritual em conexão com o Thyrsos da Grécia

Luzes para o Solstício - Solidariedade para o Povo dos Caminhos Antigos

UNIDOS, SOB O ESTANDARTE DO SOL!

De Atenas, Hélade:

Queridos Amigos de todas as Nações Livres! Queridos seguidores da nossa Herança Nativa!

Pelo segundo ano, a Organização “Thyrsos- Hellenes Ethnikoi” convida Organizações e indivíduos, seguidores dos Caminhos Antigos, a se erguer em Unidade e Solidariedade durante a celebração do Solstício e co-agir criando novamente suas Luzes para o Sol (Fryktories)!
Um dia sagrado no nosso calendário que marca o Dia Mais Brilhante do Ano, quando a manifestação de Hélios, Sonne, Sol, Sun, Sunna no nosso nível cósmico está nos trazendo Sua Luz Gloriosa, oferecendo uma chance de meditação espiritual e filosófica e - ao mesmo tempo - uma chance de celebrar com nossos parentes e pessoas amadas.
Então, mais uma vez estamos pedindo a participação de vocês da mesma forma que estivemos fazendo e faremos todo ano!
Na madrugada do dia 21 de junho, no exato momento que os primeiros raios se mostrarem no horizonte, acenda um Fogo, uma vela, uma tocha, o que for possível, e volte-se na direção do Sol fazendo uma saudação ao Deus Invicto! Ou, melhor ainda, você pode executar um rito ao mesmo tempo, considerando o caráter sagrado do dia. Dessa forma, passaremos a mensagem de um indivíduo a outro, de uma coletividade a outra, de cidade em cidade e Nação a Nação e, ao fazer isso, estaremos erguidos em Unidade sob o Estandarte do Sol!
Estamos pedindo que tirem fotos do evento e enviem-nas ao nosso e-mail: hellenesthyrsos@gmail.com para podermos fazer uma apresentação da nossa Celebração comum através da nossa página www.thyrsos.gr e, por ela, para outras páginas.
Finalmente, insistimos que, ao tomar parte da nossa Celebração, tomem toda a precaução necessária por lei para acender um fogo seguro, evitando causar acidentes.
Pessoas das Crenças Antigas, convidamos vocês a erguer os Estandartes e orgulhosamente se erguer conosco em um mundo que precisa mais da Sabedoria e da Essência de nossas Tradições!
Esperamos ansiosamente a participação de vocês, e agradecemos desde já.

Thyrsos - Hellenes Ethnikoi

(tradução de Alexandra)

http://hellenesthyrsos.blogspot.com/2011/05/blog-post.html

quarta-feira, 30 de março de 2011

Um breve momento em Kemet

Pé ante pé, entrou no templo iluminado por delicadas lâmpadas. Olhou com respeito as colunas encimadas não pelo familiar acanto,mas pelo estilizado papiro. Dentro do templo, o ar era fresco, e ospés repousavam nas pedras, livres da areia.  Entre aquelas pessoas de túnicas tão claras, se sentiu escura e estrangeira, mas era isso mesmo que ela era, ali. Deixara o tirso e o nebrix seguros do lado de fora, e entrou com quanta discrição era possível. Não era ninguém ali, exceto uma estrangeira que aceitava um convite e entrava para assistir um rito. Viu acenderem a chama do altar, libarem para os Akhus e os Deuses. Em seu íntimo, recitou uma oração a Zeus Xênios.

Sentiu a mão da outra sacerdotisa em sua mão. Sorriu, sem tirar os olhos do altar, apertando deleve os dedos dela.

Ouvia as palavras, sem entender com clareza as invocações, mas sentindo o poder que emanava do som, a beleza do rito.

Entendeu quando a mulher de túnica branca e olhos gentis se adiantou dos outros. Ouviu as palavras enquanto outra sacerdotisa por bondade sussurrava o que estava sendo dito. Ouviu o nome que a mulher de olhos gentis assumiu. Ouviu os juramentos que prestou.

Estava feliz por ela. Sabia o quanto assumir votos era importante. Encontrar seu lugar.

Depois, houve festa. Eles riam e bebiam cerveja. Eles explicavam palavras que ela desconhecia e com paciência explicavam sua pronúncia.
Eles dançavam.

Depois de algum tempo, apoiada no tirso,ela caminhou pelas dunas próximas, observando o horizonte. Estendeu as mãos, e deu graças aos deuses. Agradeceu a Zeus Xênios, outra vez. Porque profunda é a alegria daqueles que tem amigos para interceder por eles diante de deuses desconhecidos.

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Algumas verdades sobre o reconstrucionismo 1

Se tem algo que eu sei que as pessoas pensam com frequência é que reconstrucionistas são a)nerds b)fechados c)arrogantes d)intelectuais.  E que o reconstrucionismo é uma religião difícil, complicada, que não é para qualquer um.

Então, antes de mais nada, deixa eu explicar uma coisa, com meu jeitinho peculiar e delicado. 

Isso tudo é uma PUTA mentira. 

É como dizer que todo católico é cabeça fechada ou todo wiccano é um pink wicca. É dizer que todo espírita é preconceituoso e que a vida de quem é da umbanda "anda pra trás" por mexerem com espíritos. É preconceito, é julgar o todo por alguns.

Então vamos desmistificar um pouco a coisa. 

Para começar, reconstrucionismo não é uma religião. É um método. Então existe reconstrucionismo celta, nórdico, egípcio, grego... é um método que pessoas (e organizações) usam para orientar suas práticas. 

Dentro da idéia de que desejamos fazer nossas práticas o mais parecidas possível com as práticas dos antigos povos que cultuavam os deuses que hoje em dia cultuamos. 

(Quer um exemplo de metodologia reconstrucionista? Aqui vão alguns: As religiões de matriz afro mais tradicionais que surgiram na América com a vinda dos escravos. São religiões que usaram as possibilidades do lugar onde chegaram, adaptando sua antiga fé, mas baseando suas práticas naquilo que resgataram das tradições originais dos povos de origem na África. Exemplo tosco, talvez, mas a idéia é essa. Adaptar a uma nova realidade, mantendo as estruturas que importam. Ou aquele pessoal que tenta resgatar formas mais primitivas de cristianismo.)

Não é difícil ser reconstrucionista helênico. Existem páginas na internet em que você encontra todo o básico que é preciso ler para poder cumprir os ritos. Em português mesmo, você tem o ótimo site do RHB. Se consegue ler em inglês, eu recomendo uma lida no Sponde!. Mas de todo modo, a coisa é muito simples. 

Tem algumas boas almas que mantem calendários online, então o trabalho mais bruto de saber quando os festivais acontecem, já que eles não coincidem com o calendário gregoriano, está feito, nós só precisamos usufruir. 

Um ritual helênico é muito mais simples que um rito wiccano ou uma missa, porque é uma religião onde os sacerdotes não são o foco. O grosso do trabalho devocional era feito pelas famílias, e portanto o básico do culto é feito para que qualquer pessoa comum consiga lidar com ele.

Você não precisa ter todos os mitos decorados. Você não precisa ser especialista em todos os deuses e não, não precisa cultuar todas as centenas de deuses do panteão.


Você não precisa cumprir todos os festivais que estão no calendário. Pense um pouco nos católicos: eles tem dias santos quase todo dia. Mas cada católico cumpre apenas uma meia dúzia de festivais comunitários, e as festas de seus santos de devoção. 

Com os recons é a mesma coisa: existem alguns festivais que quase todo mundo costuma cumprir e que acabam sendo mais comunitários (ou, no caso do Hellenion, existe a sugestão das libações mensais para cada olímpico), mas você vai celebrar os festivais que dizem respeito a suas necessidades de culto. Por exemplo - eu cumpro só dois festivais de Atena, mas cumpro todos os festivais a Dionísio que eu puder.

Existem muitos livros bons em português. Só a Ilíada e a Odisséia, a Teogonia, Os trabalhos e os Dias, e os Hinos Homéricos já são material para ler por um tempão. E se quiser ler autres modernos falando sobre os deuses, tem Vernant, Otto, Detienne, e mais uma porrada de autores que foram traduzidos. Inglês ou grego como segunda língua não é um pré requisito.

E não precisa se assustar com aquilo que é preciso ler ou estudar. Se você estiver seguindo seriamente qualquer religião que seja, isso vai demandar algum estudo, alguma leitura, como qualquer coisa nova que se está aprendendo. Mas nada que vai ocupar todo o seu tempo e te deixar atulhado de coisas para ler, exceto se ler for um hobbie seu. Se ler for seu hobbie, ai sim vc pode passar muito tempo lendo.

Reconstrucionistas não tem pedigree. Ninguém aqui vai dizer que o jeito como você cultua os deuses está errado. O que nós vamos dizer, isso nós vamos mesmo, é que se alguém estiver dizendo que algo é feito como os antigos gregos faziam, e isso for uma mentira, nós vamos falar, “não, os antigos não faziam assim.”.

Nós não temos nada contra inovações: existem vários festivais modernos no calendário, todo mundo faz adaptações para adequar seu culto ao lugar e situação que vive. O que somos contra é alguém fazer propaganda enganosa de algo na tentativa de fazer com que uma prática se torne mais respeitável por ser antiga, tradicional, quando não é.

O Ruadhan, do Urban Hellenistos, escreveu um texto muito bom sobre o assunto, e eu vou traduzir (ou tradutosquear) aqui para vcs um trecho dele:

(...)Então seria justo dizer que Reconstrucionismo Religioso seria dificilmente o ato de fazer algo exatamente como era ou como acontecia antigamente. Não que reconstrução não seja algo meticuloso, mas não é como deixar inteiro um vaso que foi quebrado – você ainda pode ver a cola mantendo os fragmentos juntos, e mais significativo, você pode ver que há fragmentos sendo mantidos juntos. Outra analogia popular é a de pegar uma casa que foi danificada por uma enchente ou um incêndio e reconstrui-la. Você não vai faze-la exatamente como era antes, você sabe. Se a casa era antiga o bastante para ter sido pintada usando tinta com chumbo na composição, boa sorte em conseguir fazer isso hoje em dia. Se ela era tão antiga, propvavelmente havia fiações, canos de água ou calefação que não se encaixam nas regras modernas – novamente, boa sorte com isso. Uma coisa que é reconstruída nunca é exatamente aquilo que era antes – se fosse exatamente como era antes, não precisaria ser reconstruído, isso é um fato básico.
(…)
Reconstrucionismo religioso não é nada mais que formar uma hipótese, uma suposição educada, e em boa parte das vezes, formar várias hipóteses de como algo devia ser, ou que alterações no sistema elétrico você vai precisar fazer. Ainda que exista uma grande quantidade de evidências sobre o que os antigos helenos (e outras tribos) praticavam ou não e em que acreditavam, ainda existem muitos vazios a serem preenchidos com massa, muitos canos corroídos  precisando de troca, e muitas questões cujas respostas originais há muito desmancharam em pó, mas essas questões ainda precisam de respostas  (...) [sobre o blá blá blá de quem é ou não reconstrucionista] se você está de fato praticando sua religião em uma forma e espírito consistente com o da antiga Hellas, então isso fala por você. Se não está, é entre você e os deuses apenas para julgar se isso é impróprio ou ímpio.


 Então é isso. Espero que esse post sirva para começar a diminuir a idéia de que Reconstrucionismo Helênico é difícil ou não é para qualquer um, que seja preciso muito para ser reconstrucionista.

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Um pouco só para lembrarem que não me esqueci daqui

É só que estou um pouco me organizando neste começo de ano, meu notebook está morto e eu estou tentando colocar muita coisa da minha vida online no lugar.

Enquanto isso, leiam o ótimo artigo da Alexandra no Ideon Antron, da Thyrsos sobre sacrifício.

Por aqui, me preparando para a Lenaia. 

E logo um resumo do meu calendário...
 

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