quarta-feira, 30 de março de 2011

Um breve momento em Kemet

Pé ante pé, entrou no templo iluminado por delicadas lâmpadas. Olhou com respeito as colunas encimadas não pelo familiar acanto,mas pelo estilizado papiro. Dentro do templo, o ar era fresco, e ospés repousavam nas pedras, livres da areia.  Entre aquelas pessoas de túnicas tão claras, se sentiu escura e estrangeira, mas era isso mesmo que ela era, ali. Deixara o tirso e o nebrix seguros do lado de fora, e entrou com quanta discrição era possível. Não era ninguém ali, exceto uma estrangeira que aceitava um convite e entrava para assistir um rito. Viu acenderem a chama do altar, libarem para os Akhus e os Deuses. Em seu íntimo, recitou uma oração a Zeus Xênios.

Sentiu a mão da outra sacerdotisa em sua mão. Sorriu, sem tirar os olhos do altar, apertando deleve os dedos dela.

Ouvia as palavras, sem entender com clareza as invocações, mas sentindo o poder que emanava do som, a beleza do rito.

Entendeu quando a mulher de túnica branca e olhos gentis se adiantou dos outros. Ouviu as palavras enquanto outra sacerdotisa por bondade sussurrava o que estava sendo dito. Ouviu o nome que a mulher de olhos gentis assumiu. Ouviu os juramentos que prestou.

Estava feliz por ela. Sabia o quanto assumir votos era importante. Encontrar seu lugar.

Depois, houve festa. Eles riam e bebiam cerveja. Eles explicavam palavras que ela desconhecia e com paciência explicavam sua pronúncia.
Eles dançavam.

Depois de algum tempo, apoiada no tirso,ela caminhou pelas dunas próximas, observando o horizonte. Estendeu as mãos, e deu graças aos deuses. Agradeceu a Zeus Xênios, outra vez. Porque profunda é a alegria daqueles que tem amigos para interceder por eles diante de deuses desconhecidos.
 

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