Eu não sei dizer como ele chegou na minha vida. Como a maioria das pessoas, eu era burra o bastante para permitir que seu culto passasse batido.
Mas então ano retrasado os Curetes decidiram chutar a minha bunda daqui até a Samotrácia. Com a gentileza que lhes é peculiar, esses deuses me escolheram para prestar devoção a eles e me dedicar profundamente a coisas que não sei colocar em palavras, porque afinal,são mistérios (que eu ainda só arranho a superfície). Eu não tenho vergonha de dizer: alguns dos deuses a que presto culto eu não teria me devotado se pudesse escolher. Porque é difícil, porque falta informação, porque é trabalho duro. Mas eu não sou boa em dizer não para Aqueles Que São. E é uma honra.
Bom, o fato é que entre outras coisas, os Curetes estão ligados ao fogo e a forja. E essa coisa da forja, e por consequência da tecnologia foi ficando na minha cabeça.
Então, ali estava eu um belo dia quando me dei conta de que o deus mais presente no meu cotidiano era Hefesto.
Isso envolveu uma impressora xerox que decidiu não funcionar e o momento em que eu, dedos queimados, lanhados e sujos de toner, ergui as mãos e rezei a Hefesto. Em voz alta. No trabalho. E acho que ele achou engraçado aquela professora louca que de repente viu, naquela impressora quebrada, toda a tecnologia que permeava a sua vida. A impressora funcionou.
Existem deuses que chamam atenção. Eu costumo dizer que Hermes é um deus que chega, abre a porta, pega uma cerveja na geladeira, senta no seu lugar do sofá e mete os pés em cima da mesinha de centro. E como a gente usa a tecnologia para se comunicar, é comum a confusão de ver Hermes como deus não só da comunicação, mas também da tecnologia.
Eu já fiz essa confusão também. Normal. Mas pense bem: como raios você pretende fabricar um celular sem usar o calor para modificar a matéria prima para que ela se torne os componentes necessários? E sem um mestre artesão que domine a perícia, nenhum objeto pode ser criado.
Quando eu olho em volta é difícil não pensar em como tudo tem o toque de Hefesto.
Meu altar é uma obscenidade de cultos. Eu por mim, se tivesse espaço, teria altares aos 30 mil deuses,rs. Mas eu fiz que fiz e não havia meio de incluir um espaço decente para o deus ferreiro. Acabei fazendo um oratório só dele, anexo ao meu altar principal. Ainda está bem simples. Mas já tem uma bigorna em miniatura, alguns objetos de ferro ou artesanato em metal, uma imagem dele que achei bonita.
Hefesto é o deus que cria a beleza. Não a toa ele desposou Afrodite. E não a toa há mitos em que depois dele e de Afrodite tomarem cada um seu rumo, ele se casou com Aglaia, uma das Graças. Quem melhor do que Hefesto para compreender a beleza?
O fato é que é muito fácil amar Hefesto. E eu tenho vontade de gritar isso para o mundo inteiro ouvir.
Quando vier a primavera (Alberto Caeiro)
Há 2 meses
2 comentários:
Que raro, falar sobre Hefesto, ainda devo culto a Ele e um lugar no altar, mas adorei o post.
Nossa amor,
Ontem a noite super tava lembrando de Hefesto e Afrodite.
O cara com quem eu tenho saído teve alguns problemas de saúde que deram de presente pra ele N estrias. Ele trabalha com a parte de arte de maquiagem da Avon. Ou seja, vive no seu MacBook com o Illustratos e Cia. O lance de "muitas habilidades" me veio muito à mente.
Eu sou devoto de Afrodite e como tal também tenho paixão por arte e tudo que é cultural e intelectual.
E ontem ao longo da noite, enquanto conversavamos e tudo o mais tateei o corpo dele e me veio a cabeça Hefesto - Afrodite - Ares. Curiosamente ele é Ariano, mas sem dúvida nenhuma recebe influência de Hefesto. E é curioso como isso influencia diretamente no nosso relacionamento em questões de afeto, paixão, respeito e tudo o mais.
É tão bom sentir esse respiro dos deuses ao nosso entorno ;)
Postar um comentário