..."Ele está brincando comigo,
ágil como um gato brincando com suas presas,
dando o bote inesperadamente,
golpeando em chocada submissão com as grandes patas,
mas adiando a mordida letal até diversão diminuir.
Ao contrário do rato com medo, porém,
Eu não tenho nenhuma intenção de fugir.
Eu estou com medo.
Que homem não teria,
encontrando-se na presença do Senhor dos festejos selvagens?
Mas este Deus é meu Deus
e dei-me totalmente a ele"...
Sannion, Posessed
Dionísia Urbana. Não é um dos meus "festivais favoritos" quando o assunto é meu doce Senhor. De fato, a Anthesteria é o meu maior prazer enquanto festival, eu acho. Mas de toda forma, o festival chegou e eu decidi honra-lo. "decidi" como se houvesse outra opção, hihihihhihi. Já me acostumei que de algum modo essas coisas caem sobre mim.
A cada dia, fiz algo simples que me elevasse o pensamento, e é como se 24h por dia meu pensamento fugisse para Ele. Mas não foi um período fácil - não está sendo. Trabalho excessivo, problemas familiares, e uma crise no horizonte.
Meu pensamento é um bicho selvagem. Aprendi a lidar com a ansiedade e a depressão, mas "lidar" é bem diferente de "evitar" e nos últimos dias estou a beira de uma crise. Consigo perceber isso por como me sinto agredida pelo ambiente, desconfortável com a presença humana, o sono irregular, e uma fragilidade imensa.
Mas meu Deus é louco. E isso nos une, porque lidar com a loucura e se libertar dela foi o que Ele experimentou na carne - e o culto a Dionísio me ensina e ajuda a superar minhas pequenas loucuras.
Entao aqui estava eu hoje, trabalhando em casa com coisas da escola (coisa que odeio fazer), e decidi abrir uma garrafa de vinho para ajudar a alinhar o pensamento. Me entreguei a um equeno hedonismo, depois de oferecer a Ele sua bebida sagrada.
Ontem, meu pai virou o que sobrou do garrafão de vinho da Anthesteria no jardim. E tudo cheirava fortemente a vinho (ele lavou a árvore e as plantas com o vinho...era como se auqele fundo de garrafa tivesse se multiplicado). Parada no jardim, eu respirava o ar de chuva, ouvia os trovões distantes e sentia o perfume que encharcava meus pensamentos com a lembrança de Dionísio.
Segunda feira, eu passei o dia na cozinha, fazendo chocolates e pensando no nome científico da planta, "theobroma", fruto dos deuses. Acabei ofertando chocolate para os deuses. Acendi incensos e cantei.
Domingo, ainda vestida para ele, eu fiquei silenciosa, lendo sobre dionisismo.
Sábado, sai para beber e comer e rir e bagunçar com pessoas muito amadas. Vestida para Dionísio. E depois ainda tive a chance de desenvolver um pouco mais do trabalho de transe que faço para ele.
Sexta feira, vestida para Dionísio e Afrodite, eu dancei sozinha e ouvi música e recebi pessoas amadas. (preciso escrever mais sobre isso de se vestir para os deuses).
Quinta feira, eu fui mais xamã e menos grega, rs. Mas ainda assim, li e respirei meu deus, até mesmo a pequena hera que divide o ar comigo no trabalho.
Hoje, eu desenhei e pintei para Ele. E estou feliz com isso. E com minha taça de vinho. O amanhã? Amanhã é com os deuses.
Quando vier a primavera (Alberto Caeiro)
Há 2 meses
1 comentários:
É curioso Sarita.
Comentei isso no blog do Thiago e comento no seu também. Por mais que eu ainda não esteja praticando os rituais do calendário e tudo mais é muito curiosa a sincronicidade com que as coisas acontecem. A presença Dele, deixa nossos sentimentos mais aflorados... é como se Ele despejasse um garrafão de vinho em nossa vida e nós fossemos, conduzidos pela maré, mas sem apagar, sem perder o rumo, mas entendendo (um pouco) de onde aquilo vai dar. É louco, sim, muito louco.
Bjão
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