Pé ante pé, entrou no templo iluminado por delicadas lâmpadas. Olhou com respeito as colunas encimadas não pelo familiar acanto,mas pelo estilizado papiro. Dentro do templo, o ar era fresco, e ospés repousavam nas pedras, livres da areia. Entre aquelas pessoas de túnicas tão claras, se sentiu escura e estrangeira, mas era isso mesmo que ela era, ali. Deixara o tirso e o nebrix seguros do lado de fora, e entrou com quanta discrição era possível. Não era ninguém ali, exceto uma estrangeira que aceitava um convite e entrava para assistir um rito. Viu acenderem a chama do altar, libarem para os Akhus e os Deuses. Em seu íntimo, recitou uma oração a Zeus Xênios.
Sentiu a mão da outra sacerdotisa em sua mão. Sorriu, sem tirar os olhos do altar, apertando deleve os dedos dela.
Ouvia as palavras, sem entender com clareza as invocações, mas sentindo o poder que emanava do som, a beleza do rito.
Entendeu quando a mulher de túnica branca e olhos gentis se adiantou dos outros. Ouviu as palavras enquanto outra sacerdotisa por bondade sussurrava o que estava sendo dito. Ouviu o nome que a mulher de olhos gentis assumiu. Ouviu os juramentos que prestou.
Estava feliz por ela. Sabia o quanto assumir votos era importante. Encontrar seu lugar.
Depois, houve festa. Eles riam e bebiam cerveja. Eles explicavam palavras que ela desconhecia e com paciência explicavam sua pronúncia.
Eles dançavam.
Depois de algum tempo, apoiada no tirso,ela caminhou pelas dunas próximas, observando o horizonte. Estendeu as mãos, e deu graças aos deuses. Agradeceu a Zeus Xênios, outra vez. Porque profunda é a alegria daqueles que tem amigos para interceder por eles diante de deuses desconhecidos.
Quando vier a primavera (Alberto Caeiro)
Há 2 meses
3 comentários:
Foi lindo, né? Adorei segurar sua mão, hihihi!
E vocês estavam lindas, lindas!
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