Alguns minutos depois, no entanto, eu precisei me mexer. Juntar as coisas do narguile, colocar o notebook na mochila dele, separar cobertores e casacos. Esta noite eu tinha um compromisso, onde pretendia ir quando voltasse do casamento e que então acabou se tornando meu único foco.
Havia algo mais a ser celebrado. O aniversário do meu primo/irmão e do meu amigo/filho. E eu fui. Fomos, eu e Coiote, encontrar amigos queridos e desconhecidos divertidos para uma noite de música, álcool e fumo.
O bando reunido na chácara era heterogêneo em muitas coisas, mas algo unia a todos. Ninguém ali era lá muito convencional. Todos ali conhecem aquele espaço brilhante de loucura, aquele saber-se imerso na transcendência da realidade. Jovens, mas cheios de histórias e vivências. Cada um enfrentando seus próprios desafios e batalhando para ir além.
Meu irmãozinho particularmente é um outro dionisíaco. Terminei a noite completamente chapada, largada junto dele e outro amigo querido, deitados no chão conversando coisas absolutamente surreais. Mas até chegar a essa etapa, nós tivemos divagações tão diversas, enquanto se ia de uma rodinha para outra, de um lugar da chácara para outro, e é incrível como os loucos e os bêbados conseguem ficar idiotas e ao mesmo tempo de uma sabedoria impressionante.
A música como entidade viva, influenciando a conversa e forjando ligações mnemônicas. Enquanto se comia carne e o fumo de uva no narguile perfumava o ar. Tempo para bebedeiras, discussões oraculares, comparações entre menadismo e budismo tibetano, estados da psique, vício e libertação, consequências do descuido com o corpo, culinária, sexo, criação de drinks, jogos, jogos etílicos, teoria do caos, cultura pop, mitologia, religião, fogo, astronomia e astrologia, plantas e jardinagem, insetos e aranhas, e todo um sem número de assuntos, enquanto se carregava um bêbado até uma cama, verificava se estavam todos bem, e ria-se muito.

É bom as vezes, isso. Deixar-se levar pela loucura, e encontrar liberdade nela. O mais curioso foi no meio da noite ouvir alguém clamando "oh pai da liberdade", de maneira totalmente avulsa, e sorrir, pensando em como Ele sempre dá um jeito de se fazer presente na noite de suas crianças.
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