sexta-feira, 22 de julho de 2011

Oráculos (parte um de pensamentos sobre o tarô)

O tarot não é um oráculo grego. Mas um bocado de gente no século XX, por influência de Jung, eu acho, começou a interpretar o tarot a partir da perspectiva dos mitos gregos. Acredito que você pode contar qualquer história usando o baralho. Eu gosto do tarot, ele funciona bem para mim. E eu acabei traçando minhas relações. Como tarotista, como tarofila, não tarologa, como uma apaixonada mais do que como uma pesquisadora (embora para mim a pesquisa seja parte da curtição,rs).

Quando eu fiz parte de um grupo de culto (que não era recon, mas eu já tinha essa pegada no meu lado pessoal), o oráculo fazia parte do nosso processo de culto. E sendo a dionisíaca de plantão, acabei muitas vezes mergulhando naquele tempo de Delfos em que Dionísio estava sentado sobre seus ossos.

Desde então, quando o inverno chega, faz parte do meu culto e principalmente do meu serviço para o deus, fazer oráculos.

E foi com esse pensamento que dei minha oficina na Confraria Brasileira de Tarot. De que ali estava meu prazer, meu carinho pelo tarô, meu prazer em mostrar para as pessoas que podemos sim ser criativos, e meu serviço para meu deus. Segunda vez que sou recebida no espaço Faces da Lua, com muito respeito e carinho em ambas as vezes, mesmo seguindo trilhas que são tão diferentes, o que me trás muita esperança com relação ao meio pagão. 

A estrutura da minha oficina foi bastante prática (claro, era uma oficina). Falei um pouco sobre a história da imprensa, de como os baralhos foram tecnicamente desenvolvidos, de projeto dentro de arte, de símbolos. E então nos sentamos para produzir cada um seu arcano. A escolha era livre dentro dos arcanos maiores, para dar um foco. Fui ajudando um aqui, outro ali, colocando ideias e expondo, respondendo e ajudando.  Fiquei feliz e surpreendida com os resultados.

Acredito que o trabalho criativo é muito forte dentro da minha relação com Dionísio. Não só com ele, mas com Apolo, e com as Musas. Eu não sou ninguém sem as Musas. Mostrar para as pessoas que podemos nos desprender do vicio da sociedade em dizer que não somos capazes e podemos sim criar, porque isso é inerente à natureza humana, é algo muito especial e um serviço que me orgulho de prestar.

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