domingo, 7 de novembro de 2010

Dia 3- Dvindades

Eu sou uma pessoa que leva a sério ser "hard polytheist". Eu acredito que os deuses todos do mundo existem. Eu acredito até que John From existe e abençoa seus seguidores.

E eu acredito firmemente que cada deus é uma entidade individual, e embora alguns deuses sejam muito parecidos, são raríssimos os deuses que eu considero que sejam o mesmo com nomes diferentes.

Muita gente acha que eu sou exagerada. Quer dizer, John From? E Jeová? E todos os 300 mil deuses chineses? E o deus de cada lago, montanha, rio, caverna? E que o príncipe Phillip se tornará um deus quando morrer?

Sim, todos todos todos. Minha nossa, nós somos bilhões de pessoas, porque esses deuses todos não exisiriam?

Eu também não acredito muito em livre arbítrio. Por isso acredito que meu destino era servir aos deuses gregos e não a outros. O que eu pude escolher foi a maneira como eu Os serviria, talvez. Ou talvez, por algum motivo, eles tenham reparado em mim e decidido me tocar, e por isso esse passou a ser meu destino. Mas posso dizer que já tive experiências significativas com deuses de diversos panteões, inclusive experiências que me levaram a cultuar certos deuses dentro do panteão grego.

Kwan Yin, por exemplo, já foi uma deusa focal no meu dia a dia. Quando Leto apareceu na minha vida, a idéia de cultuar uma deusa de gentileza já fazia parte de mim. Shiva me levou pelas mãos até Dionísio e eu serei grata a Ele por isso sempre - e ao mesmo tempo, eu aprendi a amar Shiva por quem ele é. Muitos deuses são apaixonantes. Mas eles não me fazem sentir aquela fúria, aquela chama dentro do peito, que os deuses dos antigos helenos me fazem sentir.


E eu não acredito que deuses morram. Eles podem não ter mais seguidores, e podem até se retirar da vida das pessoas. Mas acredito que cedo ou tarde, eles decidem tocar alguém. E por alguém pode ser humano, ou uma pedra.

Talvez seja por eu ser tão aberta em ouvir a voz de qualquer deus que seja que meu culto foi tomando ares um tanto incomuns e eu acabe prestando devoção a diversos deuses cujo culto hoje em dia é incomum ou marginal.

Eu poderia passar três vidas só aprendendo sobre os deuses. E sempre penso naquele verso de Álvaro de Campos:

Multipliquei-me, para me sentir,
Para me sentir, precisei sentir tudo,
Transbordei, não fiz senão extravasar-me,
Despi-me, entreguei-rne,
E há em cada canto da minha alma um altar a um deus diferente.

3 comentários:

Rô Rezende disse...

Que relato lindo! Eu sempre discuto isso comigo mesma (é, discuto mesmo rsrs), não sei bem ainda se vejo uma força una que se divide em muitos ou, muitos independentes mesmo.

Mas talvez sejam muitos independentes, que como os humanos, acabam se unindo em uma rede una. Uma possibilidade que me surgiu com o seu texto rsrs...

O segundo assunto que discuto muito comigo mesma é o livre arbítrio, vou para onde eu quero ou para onde os deuses querem que eu vá? Essa me confunde ainda mais... :S

Petraios disse...

Putz! Que citação foda! Tô até com os olhos mareados... *-* Vou colocar no meu quarto rsrs e nem tô zuando!

Sarah Helena disse...

=) nossa, fico feliz de ter tocado!
no fim, esse tbm é o trabalho do devoto né...

 

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